Resenha crítica do artigo: OLIVEIRA,
Ivanilde Apoluceno de. Princípios
pedagógicos na educação de jovens e adultos.
16 p.
O artigo “Princípios Pedagógicos na
Educação de Jovens e Adultos” apresenta como tema central as
peculiaridades da EJA e os princípios pedagógicos inerentes a esta
modalidade de ensino com base no pensamento educacional de Paulo
Freire e em documentos oficiais legais. Ivanilde Apoluceno de
Oliveira, autora da obra, é doutora em educação pela PUC-SP e tem
vários livros e artigos publicados, como o livro “Saberes,
Imaginários e Representações na Educação Especial” e o artigo
“A Cultura Amazônica em Práticas Pedagógicas de Educadores
Populares”.
No
presente artigo a autora defende que a Educação de Jovens e Adultos
(EJA) atende a um perfil específico de aluno, que possui
necessidades e características que devem ser levadas em consideração
no processo educativo. Estes alunos são jovens, adultos e idosos que
não tiveram acesso à escola na faixa etária da escolarização
(dos 07 aos 14 anos), ou foram “evadidos” ou “expulsos” da
escola.
Assim,
cada um destes três grupos de alunos (jovens, adultos e idosos)
possui uma visão de mundo distinta, pois o jovem está ligado às
inovações tecnológicas, aos modismos, às mudanças que ocorrem no
mundo; o adulto visa ser inserido no mercado de trabalho; e o idoso
busca ser cidadão, vivendo na sociedade com dignidade. Geralmente os
alunos são de classe economicamente baixa, muitas vezes sendo
considerados “incapazes de aprender” e “analfabetos”. Desta
forma, isto revela a relação de poder entre os escolarizados e os
não-alfabetizados, construída através da discriminação e
exclusão.
Através
da lógica da racionalização dos recursos, a sociedade
contemporânea foca na educação da criança, pois esta possui uma
perspectiva de futuro, já que está em desenvolvimento
bio-psico-soicial, deixando em segundo plano a educação de jovens e
adultos. Porém, o ser humano é inacabado e incompleto, que busca no
conhecimento seu aprimoramento, precisando dialogar, questionar, ter
curiosidade, sonhar, interagir com sua realidade, transformando-a e
esta o transformando.
A
educação é considerada como uma estimuladora do diálogo, da
curiosidade, do ato de perguntar, da articulação dos saberes, que
possibilita a reflexão da condição de excluído e a luta pela sua
liberdade, sendo um exercício da cidadania, já que é um direito.
Desta forma, a educação de jovens e adultos está no cerne do
debate sobre a exclusão social e da questão da democratização do
ensino.
Para
se ofertar o saber escolar são ofertados cursos regulares
presenciais e a distância e exames supletivos, feita por
instituições de ensino públicas ou privadas credenciadas. Os
jovens e adultos devem ser maiores de 15 anos para a conclusão do
ensino fundamental e maiores de 18 anos para a conclusão do ensino
médio. É necessário que esta educação considere as necessidades
e incentive as potencialidades dos educandos, promova a autonomia e
seja vinculada ao mundo do trabalho.
São
atribuídas à educação de jovens e adultos as funções de:
restaurar um direito que foi negado, igualar as oportunidades de
acesso e permanência na escola, e viabilizar a atualização
permanente de conhecimentos e aprendizagens contínuas. Sendo
necessário destacar a necessidade de formulação de projetos
pedagógicos próprios e específicos para a EJA, que levem em
consideração o perfil e as condições de vida do aluno, suas
necessidades e disponibilidades, e sua experiência extra-escolar.
A
prática educativa de jovens e adultos deve ser desenvolvida tendo
como base o diálogo, o trabalho dos conteúdos escolares a partir da
realidade social do aluno, a criação de situações variadas de
aprendizagem e o desenvolvimento de técnicas diversificadas.
A
democratização escolar precisa ser ampliada, não ficando restrita
ao acesso a escola, mas que esses jovens e adultos das classes
populares sejam efetivamente participantes do processo de construção
do saber e da escola. E esta, deve ter sua prática educativa
dialógica e solidária, possibilitando a formação e o
desenvolvimento dos educandos como seres humanos e cidadãos.
A
autora deixa claro que através de práticas excludentes da escola e
da sociedade, ocorreu um processo de evasão, marginalização e
exclusão das pessoas, que deixaram de usufruir do conhecimento
escolar e passaram a ser vistas como incapazes. A escola tende a ser
excludente porque está em uma sociedade excludente, norteada por
preconceitos e relações de poder, tendendo a reproduzir as
diferenças sociais.
O
amplo acesso ao ensino, garantido por lei, culpabilizou o sujeito
pelo seu “fracasso escolar”, porém além da dificuldade de
acesso, outros fatores influenciam na não permanência e “fracasso
escolar”, como a homogeneização dos indivíduos, sem considerar
as diferenças existentes entre os mesmos. Desta forma, quem não
consegue alcançar o “padrão ideal” de aprendizagem, qualidade
de vida ou posição na sociedade, é considerado incapaz,
incompetente e inferior.
A
tentativa da escola e da sociedade de igualar a todos não considera
o contexto em que o indivíduo está inserido e este, injustamente, é
marginalizado. Se o individualismo não fosse predominante, haveria
uma sensibilidade para as condições existenciais das pessoas, pois
a escola e a sociedade são compostas por pessoas com características
e condições de vida diferentes, e não por “pessoas-produto”,
com um padrão em que todos devem e conseguem seguir.
A
EJA foi criada como uma maneira de corrigir este processo exclusivo.
Ao se trabalhar com planejamento específico para estes alunos,
tem-se como resultado o “sucesso escolar”, pois se utiliza um
caminho diferenciado para se chegar a um objetivo em comum, que
consegue ser alcançado. Desta forma, estes alunos passam a ter as
mesmas oportunidades de crescimento profissional que os alunos
formados em idade convencional.
Para
que a EJA seja eficiente é preciso utilizar materiais didáticos
adequados para a faixa etária dos alunos, abordar conteúdos com
significado, não se utilizar metodologias infantilizadas e respeitar
a rotina dos alunos que trabalham e estudam, com a proposta de
horário adequado para as aulas. Se estes parâmetros não forem
seguidos, haverá novamente um processo de marginalização, e estes
alunos não conseguirão permanecer na escola e concluir seus
estudos.
A
educação de jovens e adultos deve ser vista não apenas como uma
forma de diminuir os índices de analfabetismo e impulsionar o
desenvolvimento do país, mas tendo como objetivo maior a formação
de pessoas que terão ferramentas para exercer sua cidadania e serem
reconhecidas como cidadãs na sociedade.
Diante
do que foi discutido pode-se dizer que o processo de construção do
saber é muito complexo e influenciado por vários fatores, tanto
pessoais quanto sociais. A educação de jovens e adultos é o
primeiro passo para oportunidade de formação de cidadãos e a
inclusão dos mesmos, possibilitando o reconhecimento social. Para se
ter êxito neste processo, deve-se considerar as peculiaridades
destes alunos, de modo a garantir condições e metodologias
adequadas para a construção do conhecimento, e assim alcançar o
“sucesso escolar”.
Referências
Bibliográficas:
ESCOBAR,
Tatiana Pires; BONETTI, Lindomar Wessler. Mecanismos
de exclusão social no sistema escolar.
IX Congresso Nacional de Educação. III Encontro Sul Brasileiro de
Psicopedagogia. PUC-PR. Outubro de 2009.
MINISTÉRIO
DA EDUCAÇÃO. Salto
para o futuro: Educação
ao longo da vida. Rio de Janeiro. TV escola. Nº
11. Setembro de 2009.
SILVA,
Fernanda Maria da; BARBOSA, Marina Andretta; UYTDENBROEK, Xavier. A
função social da escola na educação de jovens e adultos.
Escola: Pra quê te querem?.
CARDOSO,
Jaqueline; FERREIRA, Maria José de Resende. Inclusão
e exclusão: o retorno e a permanência dos alunos na EJA.
Debates em Educação
Científica e Tecnológica. V. 02, nº. 2, p. 61 a 76, 2012.
Espero que gostem, e espero comentários.......
Olá, que blog legalzaço!!! queria sugerir textos menos longos ou intercalados com algum boxe talvez..só pra prender o leitor...
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