segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Resumo do capítulo 6 – Interação entre aprendizagem e desenvolvimento – do livro “A formação social da mente” de Vigotski

Interação entre aprendizagem e desenvolvimento - Vigotski

 
O que cada teoria fala sobre a interação entre o desenvolvimento e a aprendizagem

A primeira posição teórica
A primeira posição teórica defende que a aprendizagem e o desenvolvimento são processos independentes. Piaget adota esta posição teórica, e procura obter as tendências do pensamento das crianças na forma “pura”, completamente independente do aprendizado, quando faz-lhe uma pergunta que está além do alcance de suas habilidades intelectuais. Eliminando, desta forma, a influência da experiência e do conhecimento prévios.
Binet, de forma similar, admite em seus trabalhos que o desenvolvimento é sempre um pré-requisito para o aprendizado. Excluindo a noção de que o aprendizado pode ter um papel no curso do desenvolvimento ou maturação daquelas funções ativadas durante o próprio processo de aprendizagem.

A segunda posição teórica
A segunda posição teórica defende que aprendizagem é desenvolvimento. Este conceito é a essência para a teoria que se baseia nos reflexos, em que o desenvolvimento é visto como o domínio dos reflexos condicionados, não importando se o que se considera é o ler, o escrever ou a aritmética, isto é, o processo de aprendizado está completa e inseparavelmente misturado com o processo de desenvolvimento.
Tem em comum com as teorias do tipo de Piaget que, em ambas o desenvolvimento é concebido como elaboração e substituição de respostas inatas. E como diferença entre seus pressupostos, a temporalidade entre os processos de aprendizagem e desenvolvimento. O primeiro ponto de vista defende que os ciclos de desenvolvimento precedem os ciclos de aprendizado; a maturação precede o aprendizado e a instrução deve seguir o crescimento mental. O segundo ponto de vista defende que os dois processos ocorrem simultaneamente, aprendizado e desenvolvimento coincidem em todos os pontos.

A terceira posição teórica
A terceira posição teórica é uma combinação entre a primeira e a segunda posição teórica.  Koffka adota esta posição teórica, e defende que o desenvolvimento se baseia em dois processos diferentes, embora relacionados, em que um influencia o outro – de um lado a maturação, que depende do desenvolvimento do sistema nervoso; de outro lado o aprendizado, que é um processo de desenvolvimento. Para Koffka o processo de maturação prepara e torna possível um processo específico de aprendizado. O processo de aprendizado, então, estimula e empurra para frente o processo de maturação.
De acordo com Thorndike os teóricos em psicologia e educação acreditam que toda aquisição de uma resposta em particular aumenta diretamente e em igual medida a capacidade global. Assim, a mente é vista como um conjunto de capacidades, e a melhora em qualquer capacidade específica, resulta numa melhora geral de todas as capacidades. Thorndike se opôs a esse ponto de vista, pois para ele o desenvolvimento de uma capacidade específica raramente significa o desenvolvimento de outras. Assim, a mente não é uma rede complexa de capacidades gerais como observação, atenção, memória, etc., mas um conjunto de capacidades específicas, cada uma das quais, independem umas das outras,  se desenvolvendo independentemente.

Qual a crítica feita por Vigotski sobre essas teorias

Para Vigotski o aprendizado e o desenvolvimento não coincidem, o aprendizado leva ao desenvolvimento. Pois ao dar um passo no aprendizado, a criança dá dois no desenvolvimento.

Qual a teoria apresentada por Vigotski

Para Vigotski o aprendizado começa muito antes de a criança freqüentar a escola. Qualquer situação de aprendizado com a qual a criança se defronta na escola tem sempre uma história prévia. O aprendizado escolar além de ser sistematizado, produz algo novo no desenvolvimento da criança, que está relacionado à zona de desenvolvimento proximal. O aprendizado deve ser combinado de alguma maneira com o nível de desenvolvimento da criança.  Para se entender as relações reais entre o processo de desenvolvimento e a capacidade de aprendizado, têm-se que determinar dois níveis de desenvolvimento:
Nível de desenvolvimento real, isto é, o nível de desenvolvimento das funções mentais da criança que se estabeleceram como resultado de certos ciclos de desenvolvimento já completados.
Nos estudos do desenvolvimento mental das crianças, geralmente admite-se que só é indicativo da capacidade mental das crianças aquilo que elas conseguem fazer por si mesmas. Se por pouco a criança não é capaz de resolver o problema sozinha, a solução não é vista como um indicativo de seu desenvolvimento mental.
A zona de desenvolvimento proximal é a distância entre o nível de desenvolvimento real, que se costuma determinar através da solução independente de problemas, e o nível de desenvolvimento potencial, determinado através da solução de problemas sob orientação de um adulto ou em colaboração com companheiros mais capazes.
O nível de desenvolvimento real de uma criança define funções que já amadureceram, ou seja, os produtos finais do desenvolvimento. E a zona de desenvolvimento proximal define aquelas funções que ainda não amadureceram, mas que estão em processo maturação, funções que amadurecerão, mas que estão presentemente em estado embrionário.
Aquilo que é a zona de desenvolvimento proximal hoje será o nível de desenvolvimento real amanhã – ou seja, aquilo que uma criança pode fazer com assistência hoje, ela será capaz de fazer sozinha amanhã.
A psicologia animal trata da questão da imitação como ferramenta para resolver problemas. Porém os primatas não podem ser ensinados (no sentido humano da palavra) através da imitação.
Resumindo, os processos de desenvolvimento não coincidem com os processos de aprendizado, ou melhor, o processo de desenvolvimento progride de forma mais lenta  e atrás do processo de aprendizado; desta seqüência resultam, então as zonas de desenvolvimento proximal. E embora o aprendizado esteja diretamente relacionado ao curso do desenvolvimento da criança, os dois nunca são realizados em igual medida ou em paralelo.