quinta-feira, 31 de outubro de 2013

A utilização de estratégias para a elaboração e aplicação do currículo escolar de forma eficiente

A elaboração e o planejamento do currículo escolar, e a forma que o mesmo será trabalhado, é de extrema importância para se alcançar uma aprendizagem significativa. Este currículo deve considerar as características dos alunos atendidos pela escola, visando à criação de novas estratégias e metodologias de ensino e aprendizagem, bem como a promoção de interação escola-aluno, aluno-aluno e professor-aluno, com a finalidade de garantir condições favoráveis à aprendizagem.
Para alcançar tais objetivos pode-se recorrer à utilização de algumas estratégias no planejamento e aplicação do currículo, como a utilização da interdisciplinaridade, contextualização, significação conceitual e dramatização dos conteúdos. Estas estratégias têm como objetivo principal facilitar a aprendizagem dos conteúdos científicos pela vinculação com a realidade do aluno, apresentação de problemas, utilização de conceitos de diversas áreas do conhecimento para explicar um determinado fenômeno, e por aproximar um conteúdo científico da realidade do aluno, dando-lhe sentido.
A interdisciplinaridade possibilita a explicação de um determinado fenômeno por várias áreas do conhecimento. Isto favorece a aprendizagem na medida em que desfragmenta os conteúdos, fazendo com que o aluno perceba relações de dependência entre várias disciplinas, e consequentemente a aprendizagem é facilitada. O olhar separatista entre as disciplinas não proporciona a aprendizagem de conceitos que se encaixam em várias áreas do conhecimento, uma vez que o aluno tem que assimila-los com diferentes aplicações e definições que poderiam ser entrelaçadas.
A contextualização dos temas abordados no processo de aprendizagem é de suma importância para tornar o conteúdo significativo, uma vez que através da contextualização o conteúdo é trazido para a realidade do aluno. O não distanciamento do conteúdo com o dia-a-dia do aluno torna possível a significação e fixação do mesmo, proporcionando uma aprendizagem significativa.
Quando se aborda conteúdos embasados na significação conceitual, faz-se que os conceitos que antes eram vistos como puramente científicos e inacessíveis à realidade dos alunos, tenham significado, façam sentido. Quando o aluno descobre que os conhecimentos científicos se aplicam e justificam fenômenos cotidianos, a construção do conhecimento ocorre de forma espontânea e concreta.
A dramatização dos conteúdos é o ato de criar situações em que o conteúdo científico pode ter seus conceitos esclarecidos por meio de situações concretas. Isto torna os conceitos científicos concretos, visto que podem ser usados em situações cotidianas. Quando se cria uma situação-problema se promove a possibilidade da resolução da mesma por meio da discussão e debate de possibilidades de aplicação de conceitos teóricos, proporcionando ao aluno o entendimento dos conceitos por completo, e afirmando que existe um “porque” para se estudar determinados conteúdos.
Ao se organizar e aplicar um currículo escolar embasado nestas estratégias tem-se resultados satisfatórios, visto que o entrelace destas estratégias, ou seja, a utilização das mesmas em conjunto, favorece a construção do conhecimento e torna a escola um local não mais chato e que se frequente por obrigação, mais um lugar de relações pessoais positivas e construção de cidadãos.
Assim, é possível chegar ao “sucesso escolar” e tornar a aprendizagem cada vez mais significativa. É necessário se atentar para as características do público atendido pela escola para se elaborar um currículo escolar eficiente, sendo de suma importância o envolvimento de toda comunidade escolar no processo de planejamento e confecção do mesmo. Com todos compartilhando o mesmo objetivo o processo de aprendizagem, que é complexo e influenciado por vários fatores, é facilitado.

Referências bibliográficas:
HALMENSCHLAGER, Karine Raquiel. Problematização no ensino de ciências: uma análise da situação de estudo. Espírito Santo.
__________SOUZA, Carlos Alberto. Abordagem temática: uma análise dos aspectos que orientam a escolha de temas na situação de estudo. Investigação em Ensino de Ciências. V.17, 2012.
GERHARD, Ana Cristina; ROCHA FILHO, João Bernardes da. A fragmentação dos saberes na educação científica escolar na percepção de professores de uma escola de ensino médio. Investigação em Ensino de Ciências. V.17, 2012.
CARLOS, Jairo Gonçalves. Interdisciplinaridade: o que é isso?. Interdisciplinaridade no ensino médio: desafios e potencialidades. 10 p.

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

A UTILIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS PARA A INCLUSÃO SOCIAL E A FORMAÇÃO DE CIDADÃOS

 Resenha crítica do artigo: OLIVEIRA, Ivanilde Apoluceno de. Princípios pedagógicos na educação de jovens e adultos. 16 p.

O artigo “Princípios Pedagógicos na Educação de Jovens e Adultos” apresenta como tema central as peculiaridades da EJA e os princípios pedagógicos inerentes a esta modalidade de ensino com base no pensamento educacional de Paulo Freire e em documentos oficiais legais. Ivanilde Apoluceno de Oliveira, autora da obra, é doutora em educação pela PUC-SP e tem vários livros e artigos publicados, como o livro “Saberes, Imaginários e Representações na Educação Especial” e o artigo “A Cultura Amazônica em Práticas Pedagógicas de Educadores Populares”.
No presente artigo a autora defende que a Educação de Jovens e Adultos (EJA) atende a um perfil específico de aluno, que possui necessidades e características que devem ser levadas em consideração no processo educativo. Estes alunos são jovens, adultos e idosos que não tiveram acesso à escola na faixa etária da escolarização (dos 07 aos 14 anos), ou foram “evadidos” ou “expulsos” da escola.
Assim, cada um destes três grupos de alunos (jovens, adultos e idosos) possui uma visão de mundo distinta, pois o jovem está ligado às inovações tecnológicas, aos modismos, às mudanças que ocorrem no mundo; o adulto visa ser inserido no mercado de trabalho; e o idoso busca ser cidadão, vivendo na sociedade com dignidade. Geralmente os alunos são de classe economicamente baixa, muitas vezes sendo considerados “incapazes de aprender” e “analfabetos”. Desta forma, isto revela a relação de poder entre os escolarizados e os não-alfabetizados, construída através da discriminação e exclusão.
Através da lógica da racionalização dos recursos, a sociedade contemporânea foca na educação da criança, pois esta possui uma perspectiva de futuro, já que está em desenvolvimento bio-psico-soicial, deixando em segundo plano a educação de jovens e adultos. Porém, o ser humano é inacabado e incompleto, que busca no conhecimento seu aprimoramento, precisando dialogar, questionar, ter curiosidade, sonhar, interagir com sua realidade, transformando-a e esta o transformando.
A educação é considerada como uma estimuladora do diálogo, da curiosidade, do ato de perguntar, da articulação dos saberes, que possibilita a reflexão da condição de excluído e a luta pela sua liberdade, sendo um exercício da cidadania, já que é um direito. Desta forma, a educação de jovens e adultos está no cerne do debate sobre a exclusão social e da questão da democratização do ensino.
Para se ofertar o saber escolar são ofertados cursos regulares presenciais e a distância e exames supletivos, feita por instituições de ensino públicas ou privadas credenciadas. Os jovens e adultos devem ser maiores de 15 anos para a conclusão do ensino fundamental e maiores de 18 anos para a conclusão do ensino médio. É necessário que esta educação considere as necessidades e incentive as potencialidades dos educandos, promova a autonomia e seja vinculada ao mundo do trabalho.
São atribuídas à educação de jovens e adultos as funções de: restaurar um direito que foi negado, igualar as oportunidades de acesso e permanência na escola, e viabilizar a atualização permanente de conhecimentos e aprendizagens contínuas. Sendo necessário destacar a necessidade de formulação de projetos pedagógicos próprios e específicos para a EJA, que levem em consideração o perfil e as condições de vida do aluno, suas necessidades e disponibilidades, e sua experiência extra-escolar.
A prática educativa de jovens e adultos deve ser desenvolvida tendo como base o diálogo, o trabalho dos conteúdos escolares a partir da realidade social do aluno, a criação de situações variadas de aprendizagem e o desenvolvimento de técnicas diversificadas.
A democratização escolar precisa ser ampliada, não ficando restrita ao acesso a escola, mas que esses jovens e adultos das classes populares sejam efetivamente participantes do processo de construção do saber e da escola. E esta, deve ter sua prática educativa dialógica e solidária, possibilitando a formação e o desenvolvimento dos educandos como seres humanos e cidadãos.
A autora deixa claro que através de práticas excludentes da escola e da sociedade, ocorreu um processo de evasão, marginalização e exclusão das pessoas, que deixaram de usufruir do conhecimento escolar e passaram a ser vistas como incapazes. A escola tende a ser excludente porque está em uma sociedade excludente, norteada por preconceitos e relações de poder, tendendo a reproduzir as diferenças sociais.
O amplo acesso ao ensino, garantido por lei, culpabilizou o sujeito pelo seu “fracasso escolar”, porém além da dificuldade de acesso, outros fatores influenciam na não permanência e “fracasso escolar”, como a homogeneização dos indivíduos, sem considerar as diferenças existentes entre os mesmos. Desta forma, quem não consegue alcançar o “padrão ideal” de aprendizagem, qualidade de vida ou posição na sociedade, é considerado incapaz, incompetente e inferior.
A tentativa da escola e da sociedade de igualar a todos não considera o contexto em que o indivíduo está inserido e este, injustamente, é marginalizado. Se o individualismo não fosse predominante, haveria uma sensibilidade para as condições existenciais das pessoas, pois a escola e a sociedade são compostas por pessoas com características e condições de vida diferentes, e não por “pessoas-produto”, com um padrão em que todos devem e conseguem seguir.
A EJA foi criada como uma maneira de corrigir este processo exclusivo. Ao se trabalhar com planejamento específico para estes alunos, tem-se como resultado o “sucesso escolar”, pois se utiliza um caminho diferenciado para se chegar a um objetivo em comum, que consegue ser alcançado. Desta forma, estes alunos passam a ter as mesmas oportunidades de crescimento profissional que os alunos formados em idade convencional.
Para que a EJA seja eficiente é preciso utilizar materiais didáticos adequados para a faixa etária dos alunos, abordar conteúdos com significado, não se utilizar metodologias infantilizadas e respeitar a rotina dos alunos que trabalham e estudam, com a proposta de horário adequado para as aulas. Se estes parâmetros não forem seguidos, haverá novamente um processo de marginalização, e estes alunos não conseguirão permanecer na escola e concluir seus estudos.
A educação de jovens e adultos deve ser vista não apenas como uma forma de diminuir os índices de analfabetismo e impulsionar o desenvolvimento do país, mas tendo como objetivo maior a formação de pessoas que terão ferramentas para exercer sua cidadania e serem reconhecidas como cidadãs na sociedade.
Diante do que foi discutido pode-se dizer que o processo de construção do saber é muito complexo e influenciado por vários fatores, tanto pessoais quanto sociais. A educação de jovens e adultos é o primeiro passo para oportunidade de formação de cidadãos e a inclusão dos mesmos, possibilitando o reconhecimento social. Para se ter êxito neste processo, deve-se considerar as peculiaridades destes alunos, de modo a garantir condições e metodologias adequadas para a construção do conhecimento, e assim alcançar o “sucesso escolar”.


Referências Bibliográficas:

ESCOBAR, Tatiana Pires; BONETTI, Lindomar Wessler. Mecanismos de exclusão social no sistema escolar. IX Congresso Nacional de Educação. III Encontro Sul Brasileiro de Psicopedagogia. PUC-PR. Outubro de 2009.

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Salto para o futuro: Educação ao longo da vida. Rio de Janeiro. TV escola. Nº 11. Setembro de 2009.

SILVA, Fernanda Maria da; BARBOSA, Marina Andretta; UYTDENBROEK, Xavier. A função social da escola na educação de jovens e adultos. Escola: Pra quê te querem?.

CARDOSO, Jaqueline; FERREIRA, Maria José de Resende. Inclusão e exclusão: o retorno e a permanência dos alunos na EJA. Debates em Educação Científica e Tecnológica. V. 02, nº. 2, p. 61 a 76, 2012.

Espero que gostem, e espero comentários.......