quarta-feira, 23 de maio de 2012

Resumo do capítulo 11 do livro "A pré-história da mente" de Steve Mithen


 O autor Steve Mithen, arqueólogo especialista em arqueologia cognitiva, autor da obra “Depois do gelo”, apresenta no capítulo onze do livro “A pré-história da mente – Uma busca das origens da arte, da religião e da ciência”, como assunto principal a evolução humana com foco na evolução da mente e suas respectivas conseqüências para o desenvolvimento das capacidades intelectuais, no que diz respeito às manifestações primitivas de cultura, religião e ciência. Este capítulo enfoca ainda a mudança da mente do tipo canivete suíço para uma mente com fluidez cognitiva.
Os plesiadapiformes eram um grupo chamado de “primatas arcaicos”, porque não tinha-se a certeza de que eram primatas realmente. Tinham um tipo de mente, ou melhor, um padrão de comportamento, controlado por mecanismos genéticos e não pelo aprendizado. Possuíam a mente do tipo canivete suíço, com conhecimento muito especializado sobre padrões de comportamento. Esse grupo foi o pioneiro no desenvolvimento de um cérebro relativamente grande em comparação ao esperado, pelo tamanho de seu corpo. Com a queda na abundância deste grupo, surgiram dois novos grupos: omomiidas e adapidas. Estes foram chamados inicialmente de “primatas modernos”, pois a pressão seletiva fez com que regras simples de aprendizado facilitassem sua sobrevivência, e ainda possuíam uma inteligência social especializada.

Figura 1: "primatas arcaicos".


Figura 2: "primatas modernos".

Aconteceu assim, a mudança de mentalidade arcaica, em que o comportamento era uma resposta aos estímulos, para generalizada, onde tinha-se o aprendizado pela experiência. Isto exigiu um cérebro que processasse as informações necessárias para análises simples das estratégias comportamentais, e desta forma uma aquisição de conhecimento pelo aprendizado associativo.
Os Aegyptopithecus tinham o domínio da inteligência geral mais potente e o poder de processamento de informações aumentado. E ainda, o domínio da inteligência social era mais evoluído, graças à vantagem reprodutiva conferida aos seus portadores. O período em que indivíduos espertos escolhiam uma inteligência ainda maior nos seus companheiros (ato chamado de “pressão em espiral”) caracteriza a evolução do cérebro. Neste período a evolução se deparou com a necessidade maior de energia para suprir um cérebro maior e mantê-lo em temperatura adequada, o que ocasionou o término do processo de “pressão em espiral”.

Figura 3: Aegyptopithecus.

A bipedia e consumo maior de carne foram dois avanços comportamentais importantes. O estresse térmico e os custos energéticos com a locomoção ocasionaram o bipedismo. O bipedismo levou o cérebro a gerenciar o controle muscular da postura e da locomoção, ocasionando uma maior expansão cerebral, além de facilitar as interações sociais cara a cara, a comunicação por expressões faciais, à rapinagem e deixou as mãos “livres”, aumentando a sua destreza na confecção e transporte de instrumentos. A bipedia, o nicho da rapinagem, a disponibilidade de matérias-primas e a competição com outros carnívoros, foram as condições que permitiram a seleção de maiores habilidades intelectuais associadas à fabricação de instrumentos e a atividades naturalistas.

Figura 4: Homem com a caça.

A evolução da linguagem, inicialmente para comunicar apenas informações sociais, foi favorecida pela bipedia, mudanças na respiração, diminuição do tamanho dos dentes, modificação da geometria das mandíbulas e desenvolvimento da musculatura do controle de movimentos finos da língua. Assim, houve uma segunda expansão cerebral influenciada por um amplo léxico e uma série de regras gramaticais. A linguagem, inicialmente, transmitia pequenas informações não sociais à mente. Posteriormente, adquiriu caráter geral, e a consciência passou a gerenciar um banco de dados mental com informações de todos os domínios do comportamento.

Figura 5: Modificação da geometria das mandíbulas.

A ciência tem como propriedade a criação e teste de hipóteses, o desenvolvimento e uso de ferramentas para resolver problemas e o uso de metáforas. Os humanos arcaicos utilizavam as duas primeiras, porém a ultima não, por falta de fluidez cognitiva. Assim a ciência começou no período arcaico.
As vantagens seletivas durante a evolução da mente oscilaram entre uma inteligência especializada e uma inteligência generalizada. Os chimpanzés e os caçadores-coletores possuem uma correspondência entre suas tecnologias e tarefas de subsistência. Mas a arquitetura cognitiva dessas duas mentes é diferente, a mente humana não foi fruto simplesmente de um aperfeiçoamento da mente dos chimpanzés, mas fruto de uma evolução ocasionada pelas pressões seletivas que ocorreu em etapas, pois um sistema complexo acontece pela alternância entre sistemas especializados e generalizados. Desta forma, a mente humana não é uma criação do sobrenatural, mas um produto da evolução.

Figura 6: Oscilação entre a inteligência especializada e a inteligência generalizada.


Obs.: Eu recomendo a leitura deste livro, pois ele é muito interessante.

terça-feira, 8 de maio de 2012


  O Desenvolvimento Para a Psicanálise

  Primeira fase: Fase Oral

            Uma importante parte da teoria freudiana é dedicada ao desenvolvimento da personalidade. Freud foi o primeiro a afirmar que os primeiros anos de vida são os mais importantes para o desenvolvimento do indivíduo e que se dá em fases ou estádios psico-sexuais.
            Freud descreve algumas fases distintas, pelas quais a criança passa em seu desenvolvimento. Cada uma dessas fases é definida pela região do corpo a que as pulsões se direcionam. Em cada fase surgem novas necessidades que exigem ser satisfeitas; a maneira como essas necessidades são satisfeitas determina como a criança se relaciona com outras pessoas e quais sentimentos ela tem para consigo mesma.

Fase Oral :
  •   Zona erógena: boca              
  •  Instâncias: Id e Ego
  •  Conflito: desmame 

            A primeira fase do desenvolvimento é a fase oral, que se estende desde o nascimento até aproximadamente um ano de vida.
Na fase oral, ou fase da libido oral, o desejo e o prazer localizam-se primordialmente na boca, na ingestão de alimentos e o seio materno, os objetos do prazer é a mamadeira, a chupeta, os dedos. Nessa fase a criança vivencia prazer e dor através da satisfação ou frustração pela boca.


            A percepção da criança, nos primeiros meses após o nascimento, é de totalidade, não distinguindo ainda o “eu” do “não eu”. Se o seio (ou substituto) for satisfatório ou seja, se a necessidade for satisfeita, a imagem de aceitação será introjetada, e as expectativas futuras do mundo, serão otimistas, e o seu oposto irá gerar uma frustração, pois, suas necessidades não foram satisfeitas, como consequência a insegurança e desconfiança.O processo de separação dá-se junto com o final da amamentação. Quando a mãe começa a substituir o peito, criança e mãe sentem muito. Neste momento o bebê vivencia muito ódio, frustração, raiva, angústia, dor, ansiedade, impotência . Já uma excessiva satisfação pode levar, através de uma fixação, nessa fase, há dificuldades de aceitar novos objetos como fonte de prazer em fases posteriores, aumentando assim a probabilidade de uma regressão.

Tipos de Personalidade
Aqueles que se detém em seu desenvolvimento emocional, e por algum motivo se fixam em qualquer uma das fases transitórias (Freud. 1908), constituem tipos e subtipos de personalidade nomeados segundo a fase correspondente de fixação.
            A fase oral se divide em duas fases menores, definidas pelo nascimento dos dentes. O tipo que se detém na fase oral é o Oral receptivo, fase que até então a criança se encontra, pessoa dependente - espera que tudo lhe seja dado sem qualquer reciprocidade; com os primeiros dentes a criança passa a uma fase Oral sadístico, através da possibilidade de morder, o que se decide a empregar a força e a astúcia para conseguir o que deseja. Explorador e agressivo não esperam que alguém lhe dê voluntariamente qualquer coisa.
         A fase oral apresenta, assim, cinco modos de funcionamento que podem se desenvolver em características da personalidade adulta:
1.    O incorporar do alimento se mostra no adulto como um "incorporar" de saber ou poder, ou ainda como a capacidade de se identificar com outras pessoas ou de se integrar em grupos;
2.    O segurar o seio, não querendo se separar dele, se mostram posteriormente como persistência e perseverança ou ainda como decisão;
3.    Morder é o protótipo da destrutividade, assim do sarcasmo, cinismo e tirania;
4.    Cuspir se transforma em rejeição
5.    O fechar a boca, impedindo a alimentação, conduz a rejeição, negatividade ou introversão.
            O principal processo na fase oral é a criação da ligação entre mãe e filho.


Desenvolvimento psicossexual - SEXUALIDADE INFANTIL

    A teoria freudiana do desenvolvimento psicossexual é uma das mais conhecidas, mas também uma das mais controversas. Freud acreditava que a personalidade se desenvolve através de uma série de estágios da infância, durante o qual as energias da busca do prazer da ID (que representa os processos primitivos de pensamento e constitui o reservatório do impulso energético interno que direciona o comportamento) ficam focados em determinadas áreas erógenas. Esta energia psicossexual ou libido (unidades sexuais ou instintos), foi descrita como a força motriz por trás do comportamento.   
     Freud afirmou que todos os seres humanos nascem com certos instintos, ou seja, com uma tendência natural para satisfazer suas necessidades determinadas biologicamente como comida, abrigo e calor. A satisfação dessas necessidades é ao mesmo tempo prática e uma fonte de prazer que Freud se refere como "sexual".  


    A descoberta da sexualidade infantil levou Freud a modificar as suas noções, distinguindo genital de sexual. A sexualidade não se limita ao ato sexual entre duas pessoas: a sexualidade era toda a atividade pulsional que tende a uma satisfação. 

    O desenvolvimento da personalidade é explicado por Freud pela evolução da forma como a pessoa procura obter prazer – a sexualidade – que na infância (sexualidade infantil) é sobretudo auto-erótica (dirigida a si mesma), e só a partir da adolescência passa a ser essencialmente voltada para os outros.
             As fases do desenvolvimento psicossexual são: fase oral (área erógena é a boca), fase anal (área erógena é o ânus), fase fálica (área erógena são os órgãos genitais), fase de latência (área erógena é o mundo físico e social) e fase genital (área erógena são os órgãos genitais). Na tabela abaixo tem-se as características de cada fase.            


Tabela: Fases do desenvolvimento propostas por Freud. 

    Cada uma das fases psicossexuais está associada com um conflito particular que deve ser resolvido para que  o  indivíduo possa avançar com sucesso para a fase seguinte. A resolução de cada um desses conflitos requer o gasto de energia sexual e quanto mais energia é gasta em um determinado estágio, mais importantes características dessa fase permanecem com o indivíduo quando ele amadurece psicologicamente 
      Uma criança em um determinado estágio de desenvolvimento tem certas necessidades e demandas, tais como a necessidade de o bebê mamar. A frustração ocorre quando essas necessidades não são satisfeitas.                                                                                             
      Na fase oral a zona de prazer, pela qual as crianças obtêm satisfação, é a boca. Através da boca a criança vai tendo seu primeiro contato com o mundo. Como exemplo dessa exploração do mundo temos o comportamento que algumas crianças apresentam de  costumam morder seus coleguinhas. Esse comportamento faz parte desta fase, através da mordida a criança percebe a reação de seu colega e é estimulada. 


    Se esses estágios psicossexuais são concluídas com êxito, o resultado é uma personalidade saudável. Se alguns problemas não são resolvidos na fase adequada, a fixação pode ocorrer. A fixação é um foco persistente em um estágio anterior psicossexual. Até este conflito for resolvido, o indivíduo vai permanecer "preso" nesta fase. Por exemplo, uma pessoa que está fixado na fase oral pode ser excessivamente dependente dos outros e pode buscar estimulação oral através de fumar, beber ou comer. 

            

terça-feira, 1 de maio de 2012

O Behaviorismo

    O Behavorismo vem do termo inglês behavior que significa “comportamento”. Surgiu no começo do séc. XX em 1912 e foi proposto pelo americano John B. Watson. O behaviorismo tinha a proposta de fazer com que a Psicologia fosse inserida e reconhecida como ciência. Com isso, Watson postulou como objeto de estudo da Psicologia o comportamento, este, era o objeto observável, mensurável, cujos experimentos poderiam ser reproduzidos em diferentes condições e sujeitos. Construindo então, uma Psicologia livre de pesquisas de processos mentalistas e de métodos subjetivos. O behaviorismo então estuda as interações entre o indivíduo e o ambiente, entre o indivíduo (respostas) e o ambiente (estímulos). Certos estímulos levavam o indivíduo a dar certas respostas, isto porque os indivíduos se ajustam ao ambiente. O comportamento que foi explorado por ele foi o comportamento respondente ou reflexo são involuntários (interação ambiente-indivíduo incondicionadas, ou seja, o ambiente provoca certas respostas do indivíduo que independem de “aprendizagem”, o estímulo provoca uma resposta que é a reação fisiológica no organismo).

As lágrimas ao cortar a cebola é um exemplo de comportamento respondente.

               Depois de Watson o mais importante dos behavioristas é Burrhus F. Skinner, ele criou a linha de estudo conhecida por Behaviorismo Radical, termo criado para designar uma filosofia da Ciência do Comportamento por meio da análise experimental do comportamento. O desenvolvimento de seu trabalho levou-o a teoria do comportamento operante, que seria outro tipo de relação do ambiente- indivíduo. O estudo do comportamento operante começou pelo comportamento respondente. O comportamento operante refere-se à interação indivíduo-ambiente condicionada, ou seja, depende de aprendizagem, onde a resposta do indivíduo produz uma alteração ambiental que como conseqüência, retroage sobre o indivíduo, essa conseqüência vai ser reforçadora ou punitiva, afetando sua probabilidade de recorrer novamente.
       Para verificar como as variações no ambiente interferiam nos comportamentos, Skinner utilizou ratos, estes foram colocados na “caixa de Skinner” na qual se encontrava apenas uma barra, o rato pressionou por acaso a barra onde obteve uma gota de água quando sentia sede, constatou-se que, em situação semelhante, o rato a pressionasse novamente. Na experiência com ratos ele constatou que no comportamento a resposta leva ao estímulo reforçador. Ele concluiu que o processo de aprendizagem do comportamento inicia-se na satisfação de alguma necessidade- na relação entre uma ação e seu efeito.

O ratinho por acaso pressiona a barra e recebe a gota d`água. Inicia-se o processo  de  aprendizagem.

               As ações são mantidas ou não pelas conseqüências que produzem no meio. As consequências punidoras inibem o comportamento (diminui sua probabilidade de ocorrência), já as reforçadoras: positivas ou negativas estimulam o comportamento (aumenta sua probabilidade de ocorrência), o positivo oferece algo ao indivíduo, enquanto o negativo retira algo indesejável do indivíduo. Voltando à “caixa de Skinner” se o rato for colocado na caixa, recebendo choques no assoalho, em várias tentativas de evitar esse choque ele chega à barra ao pressioná-las acidentalmente os choques cessam, esse reforço será negativo devido à pressão à barra obteve-se a retirada de um estímulo aversivo ou indesejável.

                            O ratinho acidentalmente pressiona, este será um reforço negativo.

               No reforço negativo temos a esquiva e a fuga, ambos reduzem ou evitam os estímulos aversivos, mas em processos diferentes. No processo de esquiva os estímulos aversivos condicionados e incondicionados estão separados por um intervalo de tempo, prevendo a ocorrência e que nos possibilita evitar ou reduzir a magnitude do segundo estímulo.  No processo de fuga, o comportamento reforçado termina com um aversivo incondicionado já em andamento.
O som do motorzinho do dentista precede a dor no dente. Desviar o rosto é esquivar-se dela.

               A extinção é um processo no qual uma resposta deixa de ser reforçada, ela diminuirá de freqüência ou até mesmo deixará de ser emitida, isso dependerá do valor e do reforço envolvido. A punição é um procedimento no qual reduz a freqüência de certas respostas, mas a punição não foi muito aceita entre alguns autores, o que levou a adotar procedimentos de comportamentos desejáveis. O controle de estímulos consiste quando a forma de resposta ou a sua freqüência é diferente sob estímulos diferentes.
  
               O Behaviorismo metodológico consiste na teoria explicativa do comportamento 
publicamente observável da Psicologia. Assim, o behaviorismo metodológico acredita na existência
 da mente, mas a ignora em suas explicações sobre o comportamento. Seus postulados foram 
formulados predominantemente pelo psicólogo americano John Watson. O behaviorismo radical 
constitui-se numa interpretação filosófica de dados obtidos através da investigação 
sistemática do comportamento. Esta teoria foi cunhada por B. F. Skinner. O 
behaviorismo filosófico fundamentada principalmente nos estudos de Wittgenstein e Ryle defende
 que a concepção de estado mental ou disposição mental é, na realidade, a concepção de 
disposição comportamental ou tendências comportamentais.