Atualmente o magistério está sendo visto como a profissão dos que
'sobraram', entretanto muitas são as exigências feitas pela
população e pelo poder público. É exigido do professor dedicação,
qualificação, olhar crítico e criatividade para que seu objetivo
maior seja alcançado, a aprendizagem.
O trabalho do professor não termina ao fim do expediente, pois o
mesmo é desafiado a criar estratégias para que os alunos aprendam o
conteúdo que é ministrado em aula. A heterogeneidade de uma turma
dificulta ainda mais a criação de estratégias de ensino, pois cada
aluno aprende de um jeito e em um determinado tempo. Desta forma,
cabe ao professor buscar um equilíbrio, de modo que sua estratégia
de ensino atinja a todos.
Segundo Cortella (2001) “um educador é o que procura realizar as
possibilidades que a educação tem de colaborar na conquista de uma
realidade social superadora das desigualdades, é um escavar no hoje
à procura daquilo que hoje pode ser feito, pensando num amanhã que
encontra-se em gestação, que não possui certezas, mas certamente
possibilidades”. Desta forma o professor deve ter intrepidez, afim
de que suas dificuldades e de seus alunos sejam superadas e os
objetivos sejam alcançados, e ainda sensibilidade, para que possa
perceber as habilidades que os alunos tem mais que ainda não estão
desenvolvidas.
Quando o professor passa a assumir o papel de um estimulador de
interesses dos alunos, chamando sua atenção para habilidades que
possui e ainda não percebeu, tem ao seu dispor um artifício que
pode ser utilizado para a aprendizagem dos conteúdos ministrados em
sala de aula. Quando o aluno compartilha as novas habilidades
descobertas com seus colegas, há uma troca de saberes, um momento de
socialização, um incentivo à busca de novos conhecimentos.
De acordo com Claparède (1954) “a escola deve fazer amar o
trabalho. Muitas vezes ensina a detestá-lo criando, em torno das
obrigações que impõe associações afetivas desagradáveis. É,
pois, indispensável que a escola seja um ambiente de alegria, onde a
criança trabalhe com entusiasmo”. Assim, a escola como um todo
deve olhar os alunos como pessoas em processo de desenvolvimento e
não como seres inacabados. Nesta perspectiva, a escola deve acolher
os alunos para facilitar e orientar este processo, ao invés de
tratá-los como seres que podem ser programados a responderem como se
espera, sem argumentação, questionamentos, inovação.
O ato de fazer alguém descobrir e aprimorar conhecimentos não é
uma tarefa fácil, pois a graduação proporciona apenas ferramentas
teóricas que podem ser utilizadas. Porém, somente a experiência
proporciona ferramentas práticas, onde os professores podem melhorar
a cada aula lecionada, basta que os mesmos tenham uma visão crítica
do seu trabalho, afim de detectar suas falhas e estratégias que
foram bem sucedidas, visando o progresso do seu papel no processo de
ensino e aprendizagem.
Segundo Scaramelli (1931, p. 8-9) “as investigações práticas, no
meio imediato, para a solução de problemas da vida real, não
trazem despesas á escola. Com pequenos gastos, com a iniciativa e
boa vontade, quer dos alunos, quer dos professores, organizam-se,
pouco a pouco, pequenos museus, salas-ambientes, pequenos
laboratórios, etc. e vai-se caminhando em direção do ideal
sonhado”. Portanto, é necessário que a escola crie aberturas para
o novo, realizando pequenas ações que podem transformar a visão
dos alunos sobre o processo de ensino, tendo como ponto de partida
algo obrigatório e sem nenhum sentido e após a realização de
metodologias inovadoras, algo prazeroso e que faz parte de sua vida.
Uma excelente estratégia para a compreensão de um determinado
fenômeno, é a interdisciplinaridade. Através da mesma podem ser
trabalhados conceitos de diferentes áreas de atuação docente,
proporcionando a integração de conhecimentos que antes eram vistos
isoladamente, o que os tornava sem sentido completo.
Todas as estratégias inovadoras de ensino e apendizagem, inclusive a
interdisciplinaridade, implicam planejamento conjunto e integrado
da escola, portanto é precisso que a escola como um todo esteja com
a mesma linha de pensamento, o mesmo ideal. Caso contrário, as
dificuldades enfrentadas serão maiores.
Desta forma o ato de educar não pode ser banalizado, pois requer a
ultrapassagem de muitos obstáculos. Para que a aprendizagem seja
alcançada é necessário muito esforço e competência da escola, e
principalmente dos professores. Diante dos desafios, tem-se que
perder o medo de inovar, pois estratégias novas podem ser a chave
para a construção do saber.
Olá,
ResponderExcluirmuito interessante seu texto. No entanto, fica difícil ensinar onde não se é valorizado de nenhuma forma. Antes, pelo menos, o professor tinha o direito de falar alguma coisa. Tinha o direito de opinar, de fazer colocações mais firmes e se direcionar ao aluno de maneira menos tolhida. Hoje em dia não temos o direito de dizer absolutamente nada de negativo do aluno. Além disso, devemos nos referir a eles como coitados e fruto de um sistema corrompido e mal gerido e que, portanto, o "educando" não tem culpa de ser assim. A culpa é do sistema e cabe a nós trazê-lo para perto e acolhê-lo. Infelizmente não acho que seja meu papel. Não fiz graduação para fazer amigos e muito menos ser motivo de chacota de aluno que não quer estudar. Acho muito válido tudo isso que você escreveu. Porém, em um curto período, ensinar vai ser sim para os que sobram porque ninguém (sóbrio e são o suficiente) irá se submeter a isso.
Att,
Luis Jorge.