segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

A difícil tarefa de ensinar

Atualmente o magistério está sendo visto como a profissão dos que 'sobraram', entretanto muitas são as exigências feitas pela população e pelo poder público. É exigido do professor dedicação, qualificação, olhar crítico e criatividade para que seu objetivo maior seja alcançado, a aprendizagem.
O trabalho do professor não termina ao fim do expediente, pois o mesmo é desafiado a criar estratégias para que os alunos aprendam o conteúdo que é ministrado em aula. A heterogeneidade de uma turma dificulta ainda mais a criação de estratégias de ensino, pois cada aluno aprende de um jeito e em um determinado tempo. Desta forma, cabe ao professor buscar um equilíbrio, de modo que sua estratégia de ensino atinja a todos.
Segundo Cortella (2001) “um educador é o que procura realizar as possibilidades que a educação tem de colaborar na conquista de uma realidade social superadora das desigualdades, é um escavar no hoje à procura daquilo que hoje pode ser feito, pensando num amanhã que encontra-se em gestação, que não possui certezas, mas certamente possibilidades”. Desta forma o professor deve ter intrepidez, afim de que suas dificuldades e de seus alunos sejam superadas e os objetivos sejam alcançados, e ainda sensibilidade, para que possa perceber as habilidades que os alunos tem mais que ainda não estão desenvolvidas.
Quando o professor passa a assumir o papel de um estimulador de interesses dos alunos, chamando sua atenção para habilidades que possui e ainda não percebeu, tem ao seu dispor um artifício que pode ser utilizado para a aprendizagem dos conteúdos ministrados em sala de aula. Quando o aluno compartilha as novas habilidades descobertas com seus colegas, há uma troca de saberes, um momento de socialização, um incentivo à busca de novos conhecimentos.
De acordo com Claparède (1954) “a escola deve fazer amar o trabalho. Muitas vezes ensina a detestá-lo criando, em torno das obrigações que impõe associações afetivas desagradáveis. É, pois, indispensável que a escola seja um ambiente de alegria, onde a criança trabalhe com entusiasmo”. Assim, a escola como um todo deve olhar os alunos como pessoas em processo de desenvolvimento e não como seres inacabados. Nesta perspectiva, a escola deve acolher os alunos para facilitar e orientar este processo, ao invés de tratá-los como seres que podem ser programados a responderem como se espera, sem argumentação, questionamentos, inovação.
O ato de fazer alguém descobrir e aprimorar conhecimentos não é uma tarefa fácil, pois a graduação proporciona apenas ferramentas teóricas que podem ser utilizadas. Porém, somente a experiência proporciona ferramentas práticas, onde os professores podem melhorar a cada aula lecionada, basta que os mesmos tenham uma visão crítica do seu trabalho, afim de detectar suas falhas e estratégias que foram bem sucedidas, visando o progresso do seu papel no processo de ensino e aprendizagem.
Segundo Scaramelli (1931, p. 8-9) “as investigações práticas, no meio imediato, para a solução de problemas da vida real, não trazem despesas á escola. Com pequenos gastos, com a iniciativa e boa vontade, quer dos alunos, quer dos professores, organizam-se, pouco a pouco, pequenos museus, salas-ambientes, pequenos laboratórios, etc. e vai-se caminhando em direção do ideal sonhado”. Portanto, é necessário que a escola crie aberturas para o novo, realizando pequenas ações que podem transformar a visão dos alunos sobre o processo de ensino, tendo como ponto de partida algo obrigatório e sem nenhum sentido e após a realização de metodologias inovadoras, algo prazeroso e que faz parte de sua vida.
Uma excelente estratégia para a compreensão de um determinado fenômeno, é a interdisciplinaridade. Através da mesma podem ser trabalhados conceitos de diferentes áreas de atuação docente, proporcionando a integração de conhecimentos que antes eram vistos isoladamente, o que os tornava sem sentido completo.
Todas as estratégias inovadoras de ensino e apendizagem, inclusive a interdisciplinaridade, implicam planejamento conjunto e integrado da escola, portanto é precisso que a escola como um todo esteja com a mesma linha de pensamento, o mesmo ideal. Caso contrário, as dificuldades enfrentadas serão maiores.
Desta forma o ato de educar não pode ser banalizado, pois requer a ultrapassagem de muitos obstáculos. Para que a aprendizagem seja alcançada é necessário muito esforço e competência da escola, e principalmente dos professores. Diante dos desafios, tem-se que perder o medo de inovar, pois estratégias novas podem ser a chave para a construção do saber.

Um comentário:

  1. Olá,
    muito interessante seu texto. No entanto, fica difícil ensinar onde não se é valorizado de nenhuma forma. Antes, pelo menos, o professor tinha o direito de falar alguma coisa. Tinha o direito de opinar, de fazer colocações mais firmes e se direcionar ao aluno de maneira menos tolhida. Hoje em dia não temos o direito de dizer absolutamente nada de negativo do aluno. Além disso, devemos nos referir a eles como coitados e fruto de um sistema corrompido e mal gerido e que, portanto, o "educando" não tem culpa de ser assim. A culpa é do sistema e cabe a nós trazê-lo para perto e acolhê-lo. Infelizmente não acho que seja meu papel. Não fiz graduação para fazer amigos e muito menos ser motivo de chacota de aluno que não quer estudar. Acho muito válido tudo isso que você escreveu. Porém, em um curto período, ensinar vai ser sim para os que sobram porque ninguém (sóbrio e são o suficiente) irá se submeter a isso.

    Att,
    Luis Jorge.

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