Interação entre aprendizagem e
desenvolvimento - Vigotski
O que cada
teoria fala sobre a interação entre o desenvolvimento e a aprendizagem
A primeira posição teórica
A primeira
posição teórica defende que a
aprendizagem e o desenvolvimento são processos independentes. Piaget adota esta posição teórica, e
procura obter as tendências do pensamento das crianças na forma “pura”,
completamente independente do aprendizado, quando faz-lhe uma pergunta que está
além do alcance de suas habilidades intelectuais. Eliminando, desta forma, a
influência da experiência e do conhecimento prévios.
Binet, de forma similar, admite em seus
trabalhos que o desenvolvimento é sempre um pré-requisito para o aprendizado.
Excluindo a noção de que o aprendizado pode ter um papel no curso do
desenvolvimento ou maturação daquelas funções ativadas durante o próprio
processo de aprendizagem.
A segunda posição teórica
A segunda
posição teórica defende que aprendizagem
é desenvolvimento. Este conceito é a essência para a teoria que se baseia
nos reflexos, em que o desenvolvimento é visto como o domínio dos reflexos
condicionados, não importando se o que se considera é o ler, o escrever ou a
aritmética, isto é, o processo de
aprendizado está completa e inseparavelmente misturado com o processo de
desenvolvimento.
Tem em comum com
as teorias do tipo de Piaget que, em ambas o
desenvolvimento é concebido como elaboração e substituição de respostas inatas.
E como diferença entre seus pressupostos, a temporalidade entre os processos de
aprendizagem e desenvolvimento. O primeiro
ponto de vista defende que os ciclos
de desenvolvimento precedem os ciclos de aprendizado; a maturação precede o
aprendizado e a instrução deve seguir o crescimento mental. O segundo ponto de vista defende que os dois processos ocorrem simultaneamente,
aprendizado e desenvolvimento coincidem em todos os pontos.
A terceira posição teórica
A terceira
posição teórica é uma combinação entre a
primeira e a segunda posição teórica.
Koffka adota esta posição
teórica, e defende que o desenvolvimento se baseia em dois processos
diferentes, embora relacionados, em que um influencia o outro – de um lado a
maturação, que depende do desenvolvimento do sistema nervoso; de outro lado o
aprendizado, que é um processo de desenvolvimento. Para Koffka o processo de
maturação prepara e torna possível um processo específico de aprendizado. O
processo de aprendizado, então, estimula e empurra para frente o processo de
maturação.
De acordo com Thorndike
os teóricos em psicologia e educação acreditam que toda aquisição de uma
resposta em particular aumenta diretamente e em igual medida a capacidade
global. Assim, a mente é vista como um conjunto de capacidades, e a melhora em
qualquer capacidade específica, resulta numa melhora geral de todas as
capacidades. Thorndike se opôs a
esse ponto de vista, pois para ele o desenvolvimento de uma capacidade
específica raramente significa o desenvolvimento de outras. Assim, a mente não é uma rede complexa de
capacidades gerais como
observação, atenção, memória, etc., mas
um conjunto de capacidades específicas,
cada uma das quais, independem umas das outras,
se desenvolvendo independentemente.
Qual a crítica
feita por Vigotski sobre essas teorias
Para Vigotski o aprendizado e o desenvolvimento não coincidem, o aprendizado leva
ao desenvolvimento. Pois ao dar um passo no aprendizado, a criança dá dois no
desenvolvimento.
Qual a teoria
apresentada por Vigotski
Para Vigotski o aprendizado começa muito antes de a
criança freqüentar a escola. Qualquer situação de aprendizado com a qual a
criança se defronta na escola tem sempre uma história prévia. O aprendizado
escolar além de ser sistematizado, produz algo novo no desenvolvimento da
criança, que está relacionado à zona de
desenvolvimento proximal. O aprendizado deve ser combinado de alguma
maneira com o nível de desenvolvimento da criança. Para se entender as relações reais entre o
processo de desenvolvimento e a capacidade de aprendizado, têm-se que
determinar dois níveis de desenvolvimento:
1º Nível
de desenvolvimento real, isto é, o nível de desenvolvimento das funções
mentais da criança que se estabeleceram como resultado de certos ciclos de
desenvolvimento já completados.
Nos estudos do
desenvolvimento mental das crianças, geralmente admite-se que só é indicativo
da capacidade mental das crianças aquilo que elas conseguem fazer por si mesmas.
Se por pouco a criança não é capaz de resolver o problema sozinha, a solução
não é vista como um indicativo de seu desenvolvimento mental.
A
zona de desenvolvimento proximal é a distância entre o nível de desenvolvimento
real, que se costuma determinar através da solução independente de problemas, e
o nível de desenvolvimento potencial, determinado através da solução de
problemas sob orientação de um adulto ou em colaboração com companheiros mais
capazes.
O nível de
desenvolvimento real de uma criança define funções que já amadureceram, ou
seja, os produtos finais do desenvolvimento. E a zona de desenvolvimento
proximal define aquelas funções que ainda não amadureceram, mas que estão em
processo maturação, funções que amadurecerão, mas que estão presentemente em
estado embrionário.
Aquilo que é a
zona de desenvolvimento proximal hoje será o nível de desenvolvimento real
amanhã – ou seja, aquilo que uma criança pode fazer com assistência hoje, ela
será capaz de fazer sozinha amanhã.
A psicologia
animal trata da questão da imitação como ferramenta para resolver problemas.
Porém os primatas não podem ser ensinados (no sentido humano da palavra)
através da imitação.
Resumindo, os processos de desenvolvimento
não coincidem com os processos de aprendizado, ou melhor, o processo de
desenvolvimento progride de forma mais lenta
e atrás do processo de aprendizado; desta seqüência resultam, então as
zonas de desenvolvimento proximal. E embora o aprendizado esteja diretamente
relacionado ao curso do desenvolvimento da criança, os dois nunca são
realizados em igual medida ou em paralelo.