terça-feira, 12 de março de 2013

Influências sociais na educação como meio de satisfazer o interesse das elites

 
Influências sociais na educação como meio de satisfazer o interesse das elites
   Ao longo do tempo o processo educacional vem sendo influenciado por acontecimentos na sociedade. Os socialmente influentes criaram medidas para que a educação fosse apenas uma ferramenta que os favorecesse, isto torna-se mais evidente ao se analisar o processo educacional baseado na pedagogia tecnicista.

   As medidas governamentais que atingiram a educação não visavam a formação das capacidades intelectuais dos alunos, mas favorecer o crescimento econômico das elites, satisfazendo as necessidades do setor produtivo, gerando lucro. Isto contribuiu para a limitação do desenvolvimento intelectual das classes operárias, pois apesar de proporcionar a diminuição da miséria pela exploração da força de trabalho, impôs que o operário não poderia crescer como pessoa, estando sempre conformado com sua situação.

   Obviamente, não se pode ignorar que o trabalho é uma forma de educar, pois nele estabelece-se relações sociais, sendo necessário o raciocínio, muitas vezes em grupo, para a resolução de problemas. Porém, quando se observa um operário, pode-se perceber que o mesmo não raciocina, apenas executa sua tarefa sem questioná-la, não interage com seus companheiros, não tem visão crítica de mundo, é um ser alienado.

   Segundo Ramos (2002, p.27), “as potencialidades humanas – físicas, intelectuais e emocionais – foram alienadas do homem e apropriadas pela classe capitalista como mercadoria força de trabalho.” Assim, seria necessário a conscientização da sociedade para o problema da dominação da mesma. Pois o conhecimento é sinônimo de poder, socialmente falando, e a sociedade permanecerá alienada se não tiver conhecimento de sua alienação.

   Ao se analisar a pedagogia tecnicista, que é difundida explicitamente nos cursos técnicos e profissionalizantes, pode-se perceber que há apenas um condicionamento do aluno para responder corretamente à um modelo de problema, não se faz um cidadão consciente de seus direitos e deveres, com autonomia e capacidade de refletir sobre a realialidade em que esta inserido.

   Luckesi (1994, p.61) declara que para a pedagogia tecnicista, “À educação escolar compete organizar o processo de aquisição de habilidades, atitudes e conhecimentos específicos, úteis e necessários para que os indivíduos se integrem na máquina do sistema social global.” Assim o indivíduo se adapta ao meio em que está inserido e não desenvolve seu olhar crítico sobre a sociedade, favorecendo as elites, que sempre os dominarão.

   Atualmente, apesar da grande ascensão dos cursos técnicos, o mercado de trabalho exige além de mão de obra qualificada, pessoas com desenvolvimento intelectual, que sejam capazes de prever e resolver problemas, propondo soluções inteligentes, que continuem sua formação ao longo da vida. Esta mudança parcial de perfil da classe trabalhadora se deve aos constantes avanços das tecnologias da informação e comunicação, exigindo maiores habilidades para suprir as necessidades do mercado de trabalho.

   Apesar de haver um progresso no perfil dos prabalhadores, o mesmo só ocorreu por necessidades capitalistas e não visando o progresso das habilidades humanas. Ramos (2002, p.30) confirma esta colocação, defendendo que “ A educação moderna vai-se configurando nos novos confrontos sociais e políticos, ora como um dos instrumentos de conquista de liberdade, da participação e da cidadania, ora como um dos mecanismos para controlar e dosar os graus de liberdade, de civilização, de racionalidade e de submissão suportáveis pelas novas formas de produção industrial e pelas novas relações sociais entre os homens.”

   Desta forma, pode-se perceber que a educação sempre foi norteada por moldes sociais, o que torna a escola refém de modelos socio-econômicos, restrita e excludente. O verdadeiro papel da escola é orientar a formação de pessoas para que as mesmas exerça seu papel na sociedade, e desenvolva seu senso crítico, questionando a mesmas. Quando esse papel estiver acima de interesses econômicos, todos teram oportunidade de ser verdadeiramente cidadãos.


Referências:

LUCKESI, Cipriano Carlos. Filosofia da educação. São Paulo: Cotez, 1994. - (Coleção magistério 2° grau. Série formação do professor)


RAMOS, Marise Nogueira. A pedagogia das competências: autonomia ou adaptação?. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2002.

<http://www.passeiweb.com/na_ponta_lingua/livros/resumos_comentarios/p/pedagogia_da_autonomia> Acessado em: 12 de março de 2013.

<http://passapalavra.info/?p=2589> Acessado em: 12 de março de 2013.

Flávio R. Tambellini, João Jardim. Documentário: Pro dia nascer feliz. Brasil, 2005. 88 min.